Se beber não dirija. Aprecie com moderação. A venda de  bebidas alcoólicas é proibida para menores de 18 anos.

Por Deisi da Costa

A mais nova antiga região produtora de vinhos do Brasil, sim, quando falamos de Campanha devemos primeiro retirar o pensamento de que a Campanha começou a elaborar vinho ontem. Através de uma boa leitura e um resgate no tempo podemos perceber que por volta de 1880 já existiam parreirais pela Campanha, através da conhecida família Marimon. É nova na conquista de uma I.P (indicação de Procedência) sim! E nova também na diversidade e desenvolvimento do setor vinícola.

A sommelier Deisi da Costa com Gabriela Pötter, enóloga da Guatambu, durante a visita à Vinícola em Outubro de 2020.

Foram 11 dias percorrendo a Campanha Gaúcha de carro, entrei numa aventura instigante e bem gaudéria. Visitei absolutamente todas as microrregiões da Campanha, pois é, dentro da Campanha temos uma enorme diversidade e concordo plenamente que a macrorregião poderia ser dividida em 3 micros como: Campanha Ocidental, Campanha Central e Campanha Meridional, já que são tantos solos e diferenças nos fatores climáticos.

A filosofia da Campanha é tradicional? Eu diria que nem tanto. É mais uma região no conjunto de inovação do que tradicional e clássica, embora também encontramos vinhos mais tradicionais. Mas de acordo com todos os rótulos e uvas que provei, hoje posso afirmar que a região é um laboratório a céu aberto e está em fase de testar e criar, sem medos, com todos os cuidados possíveis estão indo em busca de uma identidade e sem se preocupar com o desconhecido e o inusitado. É o caso das diversas uvas pouco conhecidas.

E aqui deixo um exemplo que me faz salivar só de pensar, O espumante Free da Vinícola Guatambu elaborado com a uva Viognier (origem francesa), um espetáculo de vinho espumante e jamais visto antes. Outros grandes exemplos são as uvas Ancellota, Alfrocheiro, Pinotage, Petit Verdot, Sémillon, Grenache que são também permitidas na I.P aumentando as chances do leque de mercado, achei inédito quando me deparei com tanta diversidade.

Outro fator que chama atenção na Campanha é a questão de pensarmos que por ser uma região mais quente, então os espumantes não devem ter boa acidez, negativo amigos! Lembrando que aqui temos um inverno rigoroso, verões quentes e secos, tornando então o clima mais temperado e com boa amplitude térmica (que ajuda a manter a acidez da uva). Eis que a grande surpresa também foi provar tantos espumantes excelentes e elaborados com toda a cautela para manter o frescor, talvez o trabalho seja árduo e grande para elaborar espumantes na região, mas o fato é, são ótimos e tem muitos rótulos elegantes.

Além do vinho, o encanto fica por conta das fazendas e o gado que por várias vezes te recepciona na porteira da vinícola. É uma paisagem e conjunto inesquecível aos olhos de quem visita. A recepção e a simplicidade do povo também são marcantes, as pessoas têm uma vontade enorme de acolher o visitante, é incrível de uma região que estava tímida até dias atrás, ver esta evolução e desenvolvimento sem perder a essência e assumindo a própria identidade, é muito bacana.

Quem deve visitar a Campanha?
Todos!

Todos que amam vinhos, os que ainda não amam, os que gostam do inusitado, aqueles que apreciam paisagens, os apaixonados por estrada, aqueles que se debruçam no churrasco e apreciam a suculência da vida e dos bons momentos. Visite a Campanha Gaúcha.

Tim tim ao Brasil de Vinhos que não pára de crescer!

As coxilhas, as planícies…
A identidade dos Pampas…
A verdadeira alma e tradição dos gaudérios.
O olhar do gado, a vivacidade dos vinhos, o sorriso daquela gente!